Sabe aqueles barulhinhos
inquietantes que você ouve durante a noite e fica com medo de sair pra fora pra
saber o que é ou quem está fazendo? Eles podem ser provocados na maioria das
vezes por criaturas noturnas. Animaizinhos que saem á noite a procura de
alimento. Algumas pessoas acreditam ou pré julgam os animais de hábitos
noturnos como sendo sinistros, sombrios, aterrorizantes e por aí vai... Mas os
animais de hábitos noturnos podem ser incrivelmente surpreendentes tanto quanto
os de hábitos diurnos.
Animais de hábitos noturnos são
dotados de a estrutura de alguns sentidos um pouco diferenciada dos animais de
hábitos diurnos, como por exemplo, sua audição e logicamente a visão. Saem á
noite para evitar possíveis ataques de predadores enquanto caçam. São estruturadamente
perfeitos para sobreviverem na escuridão da noite! Vamos conhecer e saber por
que estes sentidos se fazem tão necessários assim nestes animais?
Sentidos aguçados!
Visão: talvez você nunca tenha
reparado, mas os olhos de animais noturnos são maiores, basta procurar uma
imagem de uma coruja que vai perceber isto. Isso acontece porque animais
noturnos precisam captar qualquer luz por mais fraca que seja no ambiente para
se orientarem de uma forma mais eficaz. E mais, alguns animais noturnos também possuem uma camada especial
refletiva no olho que ajuda na visão à noite. Altas concentrações de bastonetes
nas retinas dos animais da noite os ajudam a formar uma imagem visual mesmo em
níveis baixos de luz. Isso lhes permite que possam ser mais precisos na captura
da presa.
Audição: animais noturnos possuem características próprias de
audição e orelhas estruturadas para caçarem a noite. Gatos por exemplo tem
orelhas flexíveis para movê-las para todos os lados e ficarem atentos a
qualquer tipo de barulho que possa identificar as presas. A audição de animais
noturnos é naturalmente mais aguçada.
Olfato: por ter o olfato mais apurado animais noturnos podem
sentir pelo cheiro sua presa de longe e rastreá-la sem problemas. Aves noturnas
diferentemente da maioria das aves possuem órgão de Jacobson, uma
característica a mais para aprimorar o olfato, o órgão de Jacobson fica
localizado no céu da boca.
O fato de serem noturnos torna estes animais mais difíceis de
serem vistos pelo homem. É claro que com um pouco de paciência e coragem você
pode sair procurando por eles; até mesmo nas cidades ainda é possível encontrar
alguns destes animais.
Não vamos nem citar os gatos, porque estes podem ser
encontrados dentro de nossas próprias casas e não causam sérios problemas. Mas
existem outras espécies noturnas que podem causar uma verdadeira dor de cabeça
em algumas residências. Vamos citar dois exemplos típicos:
Morcegos e gambás.
Estas duas espécies se alojam dentro de forros e telhados
causando muitos transtornos ao morador. Ali constroem também um lar para eles,
fazendo ninhos, se reproduzindo, fazendo barulhos e deixando o lugar cheio de
fezes e espalhando seu cheirinho desagradável. Quando isto acontece é
necessário acionar os órgãos competentes para fazer a remoção desses
animaizinhos – MAS NUNCA MATÁ-LOS, lembrando você que matar/maltratar animais
silvestres é crime ambiental de acordo com a Lei de Crimes Ambientais (Lei N.º
9.605/98) – confira na íntegra: http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28289-entenda-a-lei-de-crimes-ambientais
!!
Ratos e escorpiões também possuem hábitos noturnos e podem
causar muitos problemas, doenças e até mesmo a morte.
Além de insetos como besouros e mariposas que também possuem
hábitos noturnos e o que seria da noite sem os vaga-lumes?
Algumas aves e mamíferos podem ser extremamente magníficos ao
serem observados.
Urutau ou Mãe da Lua: estas aves de hábitos extremamente
noturnos dificilmente podem ser vistas durante o dia, por sua camuflagem
perfeita e por ficarem praticamente imóveis na posição vertical durante o dia
todo. Não é lá uma das aves mais bonitinhas que existem mais o simples fato de
serem tão discretas fazem destas criaturas seres únicos. Tanto que existe no
sertão um conto de folclore muito triste envolvendo esta estranha avezinha. Seu
canto é ainda mais estranho, um assovio melancólico e triste. Pequenas
aberturas em suas pálpebras permitem que possam enxergar mesmo de “olhos
fechados”. Existem sete espécies sendo que cinco são endêmicas de nosso país,
incluindo o Urutau de Asa Branca que ficou exatos 168 anos desaparecido pela
ciência, encontrado em 1821
no litoral da Bahia pelo naturalista Maximiliano de Wied-Neuwied. Desde sua
descrição não se teve mais notícias dela até 1989, quando ela foi reencontrada
nos arredores de Manaus, em plena Amazônia.
Urutau camuflado em um
tronco seco de árvore durante o dia
Curiango: suas penas se assemelham a folhas secas, devido a
esse fato ficam no solo e voam curtas distâncias apenas quando ameaçado.
Sertanejos usam suas penas como amuleto. É uma ave pequena e muito meiga que
procura camuflar nas folhas secas o ninho, os ovos e até os filhotes com as
cores das suas penas.
Corujas: estas aves são perfeitamente adaptadas para a vida
noturna, seu vôo é silencioso graças as suas asas estruturadamente perfeitas
para não fazerem nenhum tipo de som ou ruído, assim capturam sua presa com
muita eficácia. Seus ouvidos também podem captar o menor ruído de um animal em
meio a mata. Corujas tem olhos muito fixos com pouquíssimos movimentos, mas
suas cabeças compensam isto girando até 270º, também podem movê-la lateralmente
para focalizar melhor o ângulo! Quando a ave está calma, fecha os olhos puxando
lentamente a pálpebra inferior para cima. Quando agitada ou nervosa, pisca
rapidamente, batendo as pálpebras superiores. No Brasil existem 23 espécies de
corujas (algumas endêmicas), a grande maioria vive nas matas, mas existem
espécies que preferem viver em campos abertos, além é claro de corujas chamadas
urbanas que podem ser encontradas nas cidades como a suindara e coruja-buraqueira
(esta espécie pode ser facilmente vista durante o dia). Além destas uma coruja
brasileira muito conhecida é o mocho-orelhudo, conhecido na região pantaneira
simplesmente como “corujão”. Esta espécie possui penas como se fossem orelhinhas,
atacam ninhos de garças e cabeças-secas.
Entre os mamíferos noturnos mais conhecidos estão:
Tatu-galinha: o tatu-galinha sai á noite fuçando folhas secas caídas no chão em busca de alimentos, que na maioria das vezes são larvas de insetos.
Lobo-guará: a espécie canina selvagem mais conhecida no
Brasil. É um animal solitário. Vive principalmente no cerrado, mas também pode
ser encontrado em áreas com florestas. Se alimenta de outros mamíferos menores
e também de frutos.
Capivara: esta espécie pode até mesmo ser encontrada dentro
das cidades, pois se habituam facilmente a vida urbana, podemos vê-la em
parques com lagos ou encostas de rios. Vivem em grandes bandos formando uma
extensa família. Um animal muito dócil.
Podemos citar ainda outras espécies como grandes felinos que
também são ativos á noite, como onça-pintada, suçuarana, jaguatirica. Ainda
lobinho, irara, paca, quati, porco-espinho... a lista é bem extensa.
Irara
Paca
Quati
Com certeza o que nos causa mais preocupação é em relação aos
animais noturnos que vivem dentro das cidades, pois muitas pessoas não
respeitam ainda o espaço destes animaizinhos. Muito cuidado se deve ter com um
animal silvestre dentro da cidade, devemos sempre pensar o porquê que estão
invadindo centros urbanos. Somos nós que não estamos deixando mais espaço para
eles poderem viver tranquilos, estamos tomando seu território, estão ficando
sem alimento e estão vindo viver em nosso meio, e isso deve ser respeitado. Não
mate nem maltrate, em caso de invasão chame o órgão competente de sua cidade.
Lembrando também que alguns podem oferecer riscos a sua saúde, quando acionamos
o resgate eles serão encaminhados á um lugar seguro onde poderão viver em paz.
Seja curioso, ao ouvir um barulhinho na mata, no quintal vá
ver, você pode ter uma grande surpresa!
Deya Dias - Ambientalista
Dourados - MS
27/09/2015
Dourados - MS
27/09/2015
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