terça-feira, 27 de outubro de 2015

Biodiversidade Noturna



Sabe aqueles barulhinhos inquietantes que você ouve durante a noite e fica com medo de sair pra fora pra saber o que é ou quem está fazendo? Eles podem ser provocados na maioria das vezes por criaturas noturnas. Animaizinhos que saem á noite a procura de alimento. Algumas pessoas acreditam ou pré julgam os animais de hábitos noturnos como sendo sinistros, sombrios, aterrorizantes e por aí vai... Mas os animais de hábitos noturnos podem ser incrivelmente surpreendentes tanto quanto os de hábitos diurnos.
Animais de hábitos noturnos são dotados de a estrutura de alguns sentidos um pouco diferenciada dos animais de hábitos diurnos, como por exemplo, sua audição e logicamente a visão. Saem á noite para evitar possíveis ataques de predadores enquanto caçam. São estruturadamente perfeitos para sobreviverem na escuridão da noite! Vamos conhecer e saber por que estes sentidos se fazem tão necessários assim nestes animais?
Sentidos aguçados!
Visão: talvez você nunca tenha reparado, mas os olhos de animais noturnos são maiores, basta procurar uma imagem de uma coruja que vai perceber isto. Isso acontece porque animais noturnos precisam captar qualquer luz por mais fraca que seja no ambiente para se orientarem de uma forma mais eficaz. E mais, alguns animais noturnos também possuem uma camada especial refletiva no olho que ajuda na visão à noite. Altas concentrações de bastonetes nas retinas dos animais da noite os ajudam a formar uma imagem visual mesmo em níveis baixos de luz. Isso lhes permite que possam ser mais precisos na captura da presa.
Audição: animais noturnos possuem características próprias de audição e orelhas estruturadas para caçarem a noite. Gatos por exemplo tem orelhas flexíveis para movê-las para todos os lados e ficarem atentos a qualquer tipo de barulho que possa identificar as presas. A audição de animais noturnos é naturalmente mais aguçada.
Olfato: por ter o olfato mais apurado animais noturnos podem sentir pelo cheiro sua presa de longe e rastreá-la sem problemas. Aves noturnas diferentemente da maioria das aves possuem órgão de Jacobson, uma característica a mais para aprimorar o olfato, o órgão de Jacobson fica localizado no céu da boca.
O fato de serem noturnos torna estes animais mais difíceis de serem vistos pelo homem. É claro que com um pouco de paciência e coragem você pode sair procurando por eles; até mesmo nas cidades ainda é possível encontrar alguns destes animais.
Não vamos nem citar os gatos, porque estes podem ser encontrados dentro de nossas próprias casas e não causam sérios problemas. Mas existem outras espécies noturnas que podem causar uma verdadeira dor de cabeça em algumas residências. Vamos citar dois exemplos típicos:
Morcegos e gambás.
Estas duas espécies se alojam dentro de forros e telhados causando muitos transtornos ao morador. Ali constroem também um lar para eles, fazendo ninhos, se reproduzindo, fazendo barulhos e deixando o lugar cheio de fezes e espalhando seu cheirinho desagradável. Quando isto acontece é necessário acionar os órgãos competentes para fazer a remoção desses animaizinhos – MAS NUNCA MATÁ-LOS, lembrando você que matar/maltratar animais silvestres é crime ambiental de acordo com a Lei de Crimes Ambientais (Lei N.º 9.605/98) – confira na íntegra: http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28289-entenda-a-lei-de-crimes-ambientais !!
Ratos e escorpiões também possuem hábitos noturnos e podem causar muitos problemas, doenças e até mesmo a morte.
Além de insetos como besouros e mariposas que também possuem hábitos noturnos e o que seria da noite sem os vaga-lumes?
Algumas aves e mamíferos podem ser extremamente magníficos ao serem observados.
Urutau ou Mãe da Lua: estas aves de hábitos extremamente noturnos dificilmente podem ser vistas durante o dia, por sua camuflagem perfeita e por ficarem praticamente imóveis na posição vertical durante o dia todo. Não é lá uma das aves mais bonitinhas que existem mais o simples fato de serem tão discretas fazem destas criaturas seres únicos. Tanto que existe no sertão um conto de folclore muito triste envolvendo esta estranha avezinha. Seu canto é ainda mais estranho, um assovio melancólico e triste. Pequenas aberturas em suas pálpebras permitem que possam enxergar mesmo de “olhos fechados”. Existem sete espécies sendo que cinco são endêmicas de nosso país, incluindo o Urutau de Asa Branca que ficou exatos 168 anos desaparecido pela ciência, encontrado em 1821 no litoral da Bahia pelo naturalista Maximiliano de Wied-Neuwied. Desde sua descrição não se teve mais notícias dela até 1989, quando ela foi reencontrada nos arredores de Manaus, em plena Amazônia.




Urutau camuflado em um tronco seco de árvore durante o dia



Curiango: suas penas se assemelham a folhas secas, devido a esse fato ficam no solo e voam curtas distâncias apenas quando ameaçado. Sertanejos usam suas penas como amuleto. É uma ave pequena e muito meiga que procura camuflar nas folhas secas o ninho, os ovos e até os filhotes com as cores das suas penas.
Corujas: estas aves são perfeitamente adaptadas para a vida noturna, seu vôo é silencioso graças as suas asas estruturadamente perfeitas para não fazerem nenhum tipo de som ou ruído, assim capturam sua presa com muita eficácia. Seus ouvidos também podem captar o menor ruído de um animal em meio a mata. Corujas tem olhos muito fixos com pouquíssimos movimentos, mas suas cabeças compensam isto girando até 270º, também podem movê-la lateralmente para focalizar melhor o ângulo! Quando a ave está calma, fecha os olhos puxando lentamente a pálpebra inferior para cima. Quando agitada ou nervosa, pisca rapidamente, batendo as pálpebras superiores. No Brasil existem 23 espécies de corujas (algumas endêmicas), a grande maioria vive nas matas, mas existem espécies que preferem viver em campos abertos, além é claro de corujas chamadas urbanas que podem ser encontradas nas cidades como a suindara e coruja-buraqueira (esta espécie pode ser facilmente vista durante o dia). Além destas uma coruja brasileira muito conhecida é o mocho-orelhudo, conhecido na região pantaneira simplesmente como “corujão”. Esta espécie possui penas como se fossem orelhinhas, atacam ninhos de garças e cabeças-secas.



Entre os mamíferos noturnos mais conhecidos estão:

Tatu-galinha: o tatu-galinha sai á noite fuçando folhas secas caídas no chão em busca de alimentos, que na maioria das vezes são larvas de insetos.



Lobo-guará: a espécie canina selvagem mais conhecida no Brasil. É um animal solitário. Vive principalmente no cerrado, mas também pode ser encontrado em áreas com florestas. Se alimenta de outros mamíferos menores e também de frutos.




Capivara: esta espécie pode até mesmo ser encontrada dentro das cidades, pois se habituam facilmente a vida urbana, podemos vê-la em parques com lagos ou encostas de rios. Vivem em grandes bandos formando uma extensa família. Um animal muito dócil.



Podemos citar ainda outras espécies como grandes felinos que também são ativos á noite, como onça-pintada, suçuarana, jaguatirica. Ainda lobinho, irara, paca, quati, porco-espinho... a lista é bem extensa.


Irara

Paca

Quati

Com certeza o que nos causa mais preocupação é em relação aos animais noturnos que vivem dentro das cidades, pois muitas pessoas não respeitam ainda o espaço destes animaizinhos. Muito cuidado se deve ter com um animal silvestre dentro da cidade, devemos sempre pensar o porquê que estão invadindo centros urbanos. Somos nós que não estamos deixando mais espaço para eles poderem viver tranquilos, estamos tomando seu território, estão ficando sem alimento e estão vindo viver em nosso meio, e isso deve ser respeitado. Não mate nem maltrate, em caso de invasão chame o órgão competente de sua cidade. Lembrando também que alguns podem oferecer riscos a sua saúde, quando acionamos o resgate eles serão encaminhados á um lugar seguro onde poderão viver em paz.
Seja curioso, ao ouvir um barulhinho na mata, no quintal vá ver, você pode ter uma grande surpresa!
Deya Dias - Ambientalista
Dourados - MS
27/09/2015

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