domingo, 10 de abril de 2016

Espécies Invasoras: Um Risco a Biodiversidade


Em meados dos anos 60 perto da Noruega, mais precisamente no mar de Barents, foi introduzida uma espécie de caranguejo conhecidos como Caranguejo Rei por cientistas soviéticos. A intenção era para que a espécie nova servisse de alimento e fonte de renda aos moradores locais. A tentativa foi muito bem sucedida. O problema veio logo que os caranguejos chegaram a fase adulta, não havia predadores naturais para eles, se multiplicaram sem controle e nos anos 70 já haviam tomado parte da Dinamarca e Alemanha. São espécies altamente vorazes, eles dizimam as ovas dos peixes (principalmente de bacalhau), comem as algas que servem de alimento as outras espécies e destroem populações inteiras de moluscos, estrelas-do-mar e ouriços. Se não bastasse também destroem cascos de barcos de pescadores da região. 
Este caso sucedido na Europa serve apenas de exemplo de como age uma espécie invasora quando introduzida de forma inadequada em uma região onde ela não existe.
Mas como estas espécies chegam á um determinado lugar? Como controlar? E quais são os danos causados por elas? Estas são algumas perguntas que mais vem preocupando ambientalistas de diversas partes do mundo inclusive no Brasil!
Primeiramente vamos definir “Espécies Invasoras”:
Todo animal ou vegetal introduzido de forma natural ou antrópica (pela ação do homem, como foi o caso dos caranguejos acima), agredindo, danificando e desequilibrando o ecossistema quem que foi introduzido, dizimando espécies nativas, bem como se proliferando sem controle, qual não existia antes naquele local e que passa a existir são chamadas de espécies invasoras. Existe diversos fatores que levam novas espécies serem introduzidas em um local, alimento, economia e até mesmo como meio de tentar controlar “pragas” já existentes. O problema são os conflitos socioambientais gerados pela introdução. É considerada a segunda maior causa da perda da biodiversidade no planeta.
Tão grande é este problema que foi tema de discussão na Eco-92 no Rio de Janeiro –  Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), firmada por 175 países. Chegou-se a conclusão que espécies invasoras contribuíram para a extinção de 39% dos animais que desapareceram por causas conhecidas desde o século 17. No Brasil há por volta de pouco mais de 350 espécies invasoras espalhadas.
Principais espécies invasoras no Brasil:
CARAMUJO AFRICANO: esta espécie foi introduzida no país nos anos 80 para servir de alimento sofisticado: escargot! Como a criação não deu o retorno inesperado os criadores libertaram os caramujos sem fazer nenhuma espécie de controle. Resultado? Procriaram rapidamente se espalhando, destruindo pequenas plantações familiares e destruindo alimento de espécies nativas. Ainda uma das maiores preocupações resultantes da proliferação do caramujo africano; ele é vetor da meningite. 

                                                                   Caramujo africano

TOJO: espécie de arbusto de flores amarelas e coberto de espinhos. Foi trazido da Europa para ser usado como cerca viva. Seu cultivo acabou ficando sem controle. O tojo deixa o solo ácido e dificulta o crescimento de espécies nativas. Por ser denso e seco favorece o risco de incêndios, o fogo por sua vez ajuda na germinação da semente.


                                                                                               Tojo florido


LÍRIO DO BREJO: nativo da Ásia foi introduzido no Brasil como planta ornamental, foi rapidamente difundido no Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. O grande problema desta espécie de planta é que elas entopem canais e vias de escorrimento de água, tubulações hidráulicas. Tem poder de adaptação muito grande, podendo tomar conta facilmente de riachos, canais, lagos e espelhos d’água.


                                                                                          Lírio do brejo


DINOFLAGELADO: espécie de algas que são transportadas de forma imperceptível em navios, na água do lastro (água que fica dentro dos navios para se manter a estabilidade do mesmo). Por serem microscópicas dificilmente são notadas, exceto no período da floração quando surgem as chamadas marés vermelhas. São consumidas por ostras que se contaminam com sua toxina, há períodos em que o consumo de ostras é proibido.


                        Essa foto mostra o efeito dos dinoflagelados em uma praia de Fortaleza em 2013


ABELHAS AFRICANIZADAS: aqui entramos em uma questão muito delicada. Abelhas africanas é sim um tipo de espécie invasora, causam sérios problemas a fauna local por expulsarem aves como tucanos e araras de seus ninhos, predominam por serem agressivas e muito perigosas... Mas, como já observamos em uma matéria aqui mesmo no Portal Eu Gestor, as abelhas tem sido motivo de preocupação no mundo todo devido ao seu desaparecimento dos habitats. Abelhas africanizadas são altamente adaptáveis a todo tipo de ambiente, e mesmo sendo perigosas e agressivas elas mantêm aqui no Brasil o equilíbrio importantíssimo da polinização! Lembrando mais uma vez que em todo o mundo há uma crescente perca de espécies de abelhas sem nenhuma explicação.



BRAQUIARIA: um dos maiores problemas relacionados a este tema no cerrado, pois boa parte da pastagem original foi perdeu espaço para a braquiária. Ela chegou ao Brasil no século XX e foi espalhada por todo o território nacional em pouquíssimo tempo. Trata-se de uma espécie de capim para pastagens trazida da África que cresce rapidamente após a eliminação.



AEDES AEGYPTI: mais conhecido como o mosquito transmissor a dengue o aedes aegypti é originário do Egito e Etiópia e deve ter chegado ao Brasil na época da escravidão junto dos navios negreiros. Apesar de ser o vetor da dengue nem todos os mosquitos transmitem a doença, pois nem todos estão contaminados com o vírus. Junto a este problema da dengue entramos em outra questão ambiental importantíssima: o descarte inapropriado de lixo. Estamos todos conscientes de que o mosquito da dengue se reproduz em água parada, estas encontradas em diversos recipientes descartados de forma inadequada no meio ambiente, tais como: garrafas, latas, embalagens descartáveis, copos e etc. Denegrimos o meio ambiente em que vivemos e ao mesmo tempo trazemos doenças que podem até mesmo nos matar. Seja consciente!



Mas nem tudo é ruim, conheça a Orelhinha de Onça:


                                                                                             
Orelhinha de onça é uma samambaia aquática predominante no estado de Minas Gerais que apesar de ser uma espécie invasora pode na verdade ser útil como bioindicadora e fitorremediadora (filtradora) de águas contaminadas por metais pesados como o cádmio e chumbo.
Assim como a Orelhinha de Onça existem outras espécies não nativas de nosso país que podem ajudar de certa forma com suas características próprias. Quando controladas espécies invasoras podem de alguma forma beneficial a comunidade na qual foram postas, principalmente quando servem de alimento ou fonte de renda para uma comunidade. E se ela está em nosso território também é de responsabilidade nossa gerir assim como gerimos a nossa biodiversidade.
Deya Dias - Ambientalista
Dourados - MS
10/04/2016







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