Em meados dos anos 60 perto da
Noruega, mais precisamente no mar de Barents,
foi introduzida uma espécie de caranguejo conhecidos como Caranguejo Rei por
cientistas soviéticos. A intenção era para que a espécie nova servisse de
alimento e fonte de renda aos moradores locais. A tentativa foi muito bem
sucedida. O problema veio logo que os caranguejos chegaram a fase adulta, não
havia predadores naturais para eles, se multiplicaram sem controle e nos anos
70 já haviam tomado parte da Dinamarca e Alemanha. São espécies altamente
vorazes, eles dizimam as ovas dos peixes (principalmente de bacalhau), comem as
algas que servem de alimento as outras espécies e destroem populações inteiras
de moluscos, estrelas-do-mar e ouriços. Se não bastasse também destroem cascos
de barcos de pescadores da região.
Este caso sucedido na Europa serve apenas
de exemplo de como age uma espécie invasora quando introduzida de forma
inadequada em uma região onde ela não existe.
Mas como estas espécies chegam á um
determinado lugar? Como controlar? E quais são os danos causados por elas?
Estas são algumas perguntas que mais vem preocupando ambientalistas de diversas
partes do mundo inclusive no Brasil!
Primeiramente vamos definir “Espécies
Invasoras”:
Todo animal ou vegetal introduzido de
forma natural ou antrópica (pela ação do homem, como foi o caso dos caranguejos
acima), agredindo, danificando e desequilibrando o ecossistema quem que foi
introduzido, dizimando espécies nativas, bem como se proliferando sem controle,
qual não existia antes naquele local e que passa a existir são chamadas de
espécies invasoras. Existe diversos fatores que levam novas espécies serem
introduzidas em um local, alimento, economia e até mesmo como meio de tentar
controlar “pragas” já existentes. O problema são os conflitos socioambientais
gerados pela introdução. É considerada a segunda maior causa da perda da
biodiversidade no planeta.
Tão grande é este problema que foi tema de
discussão na Eco-92 no Rio de Janeiro – Convenção sobre Diversidade Biológica
(CDB), firmada por 175 países. Chegou-se a conclusão que espécies invasoras
contribuíram para a extinção de 39% dos animais que desapareceram por causas
conhecidas desde o século 17. No Brasil há por volta de pouco mais de 350
espécies invasoras espalhadas.
Principais espécies invasoras no Brasil:
CARAMUJO AFRICANO: esta espécie foi introduzida no país nos
anos 80 para servir de alimento sofisticado: escargot! Como a criação não deu o
retorno inesperado os criadores libertaram os caramujos sem fazer nenhuma
espécie de controle. Resultado? Procriaram rapidamente se espalhando,
destruindo pequenas plantações familiares e destruindo alimento de espécies
nativas. Ainda uma das maiores preocupações resultantes da proliferação do
caramujo africano; ele é vetor da meningite.
Caramujo africano
TOJO: espécie de arbusto de flores amarelas e coberto de
espinhos. Foi trazido da Europa para ser usado como cerca viva. Seu cultivo
acabou ficando sem controle. O tojo deixa o solo ácido e dificulta o
crescimento de espécies nativas. Por ser denso e seco favorece o risco de
incêndios, o fogo por sua vez ajuda na germinação da semente.
Tojo florido
LÍRIO DO BREJO: nativo da Ásia foi introduzido no Brasil como
planta ornamental, foi rapidamente difundido no Brasil, principalmente nas
regiões Sul e Sudeste. O grande problema desta espécie de planta é que elas
entopem canais e vias de escorrimento de água, tubulações hidráulicas. Tem
poder de adaptação muito grande, podendo tomar conta facilmente de riachos,
canais, lagos e espelhos d’água.
Lírio do brejo
DINOFLAGELADO: espécie de algas que são transportadas de
forma imperceptível em navios, na água do lastro (água que fica dentro dos
navios para se manter a estabilidade do mesmo). Por serem microscópicas
dificilmente são notadas, exceto no período da floração quando surgem as
chamadas marés vermelhas. São consumidas por ostras que se contaminam com sua
toxina, há períodos em que o consumo de ostras é proibido.
Essa foto mostra o efeito dos dinoflagelados em uma praia de Fortaleza em 2013
ABELHAS AFRICANIZADAS: aqui entramos em uma questão muito
delicada. Abelhas africanas é sim um tipo de espécie invasora, causam sérios
problemas a fauna local por expulsarem aves como tucanos e araras de seus
ninhos, predominam por serem agressivas e muito perigosas... Mas, como já observamos
em uma matéria aqui mesmo no Portal Eu Gestor, as abelhas tem sido motivo de
preocupação no mundo todo devido ao seu desaparecimento dos habitats. Abelhas
africanizadas são altamente adaptáveis a todo tipo de ambiente, e mesmo sendo
perigosas e agressivas elas mantêm aqui no Brasil o equilíbrio importantíssimo
da polinização! Lembrando mais uma vez que em todo o mundo há uma crescente
perca de espécies de abelhas sem nenhuma explicação.
BRAQUIARIA: um dos maiores problemas relacionados a este tema
no cerrado, pois boa parte da pastagem original foi perdeu espaço para a
braquiária. Ela chegou ao Brasil no século XX e foi espalhada por todo o
território nacional em pouquíssimo tempo. Trata-se de uma espécie de capim para
pastagens trazida da África que cresce rapidamente após a eliminação.
AEDES AEGYPTI: mais conhecido como o mosquito transmissor a
dengue o aedes aegypti é originário do Egito e Etiópia e deve ter chegado ao
Brasil na época da escravidão junto dos navios negreiros. Apesar de ser o vetor
da dengue nem todos os mosquitos transmitem a doença, pois nem todos estão
contaminados com o vírus. Junto a este problema da dengue entramos em outra
questão ambiental importantíssima: o descarte inapropriado de lixo. Estamos
todos conscientes de que o mosquito da dengue se reproduz em água parada, estas
encontradas em diversos recipientes descartados de forma inadequada no meio
ambiente, tais como: garrafas, latas, embalagens descartáveis, copos e etc.
Denegrimos o meio ambiente em que vivemos e ao mesmo tempo trazemos doenças que
podem até mesmo nos matar. Seja consciente!
Mas nem tudo é ruim, conheça a Orelhinha de Onça:
Orelhinha de onça é uma samambaia aquática predominante no
estado de Minas Gerais que apesar de ser uma espécie invasora pode na verdade
ser útil como bioindicadora e
fitorremediadora (filtradora) de águas contaminadas por metais pesados como o cádmio e chumbo.
Assim como a Orelhinha de Onça existem
outras espécies não nativas de nosso país que podem ajudar de certa forma com
suas características próprias. Quando controladas espécies invasoras podem de
alguma forma beneficial a comunidade na qual foram postas, principalmente
quando servem de alimento ou fonte de renda para uma comunidade. E se ela está
em nosso território também é de responsabilidade nossa gerir assim como gerimos
a nossa biodiversidade.
Deya Dias - Ambientalista
Dourados - MS
10/04/2016
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