domingo, 19 de março de 2017

RESENHA: Tudo que deixamos para trás

          "Uma original e ambiciosa história sobre seres humanos e abelhas" - Klassekampen  

Bom caros amigos é a primeira vez que faço uma resenha de um livro, então perdoem se eu acabar descrevendo a mais que deveria.
Quando vi o lançamento do livro e algumas páginas sobre Meio Ambiente e sobre abelhas em geral começou a divulgar o livro logo bateu a curiosidade de ler. E realmente não me decepcionou nem um pouquinho por se tratar de uma, ou melhor, três historias fantásticas que me prenderam do inicio ao fim.

Mas quero começar pela autora!!

"Uma autora debutante que tem a coragem de criar uma história épica e ainda abordar um tema atual e provocante não é algo que você vê todos os dias" - Aftenposten

Maja Lunde é autora e roteirista norueguesa, é casada e tem três filhos. Possui mestrado em Mídia e Comunicação pela Universidade de Oslo (cidade de mesmo nome onde reside). Maja é autora de vários livros infanto-juvenis e Tudo que deixamos para trás é seu primeiro livro adulto, e á foi vendido para mais de 25 países. Para escrever o livro a autora buscou orientação profissional de historiadores, especialista em cultura chinesa, um médico e claro pessoas ligadas diretamente a apicultura, inclusive dos EUA. Utilizou também outras fontes autorais internacionais e documentários.

O livro foi vencedor do Prêmio Norwegian Bookseller´s Prize 2015

A autora esteve ao Brasil para o lançamento do livro

Sobre o livro:

Somos apresentados á três personagens que formam o enredo do livro, cada um com uma história distinta mas que ao final somos surpreendidos pela ligação entre eles.

Começamos com Tao, uma chinesa casada que tem um filhinho que desenvolve boa parte da história do livro; ela mora no Distrito 242, Shirong, Sichuan em 2098 na China. Tão trabalha com polinização manual - nesse futuro quase todas as abelhas no mundo já desapareceram, o colapso da colméia chegou a níveis estratosféricos, parte da população mundial morreu de fome e o mundo se tornou um ambiente hostil. Tao sonha em dar um futuro melhor ao seu filhinho Wei Wen. O trabalho de polinizador só poderia ser feito por mulheres e ainda assim muito magras utilizando penas de galinha desenvolvidas cientificamente para esse fim. Outros meio de tentativas de polinizar com alguns insetos como moscas se mostraram ineficazes. Ao desenrolar da historia de Tao descobrimos uma pequena esperança de nem tudo pode estar perdido em relação as abelhas (o resto é spoiler, paramos por aqui)!

Conheceremos agora William, sua história nos leva ao passado para a Inglaterra, mais especificadamente em Maryville, Hertfordshire - 1852. Um personagem pra ter pena! William é um biólogo frustrado com a vida, com a família e com a profissão. Deprimido e acamado passa os dias ouvindo do lado de fora do quarto a vida passar sem ter ânimo para se reerguer-se. Somos apresentados a sua enorme família, esposa e 8 filhos, 7 meninas e 1 rapaz; mas com destaque para Charlotte a mais velha que terá um papel muito importante na trama. William tem verdadeira adoração á seu antigo amigo e mestre em biologia Rahm que também é em parte grande causador de sua depressão. William é nutrido por uma força sublime em começar um novo projeto que acredita ele elevar o nome de sua família - um modelo novo de colméia, que facilitará o manejo com as abelhas, observação e retirada do mel. E, então ele se levanta e vai á luta!!

Por ultimo conhecemos George um apicultor que trabalha não com vendas de mel, mas com abelhas criadas para polinizar plantações (o que sinceramente eu não sabia que existia). George mora nos EUA em Autumn Hill, Ohio - 2007. George deposita sua confiança e otimismo em seu único filho Tom, com quem se decepcionará mais tarde por não querer assumir a fazenda e as abelhas do pai. George é um apicultor médio com 324 colméias, e sempre foi cuidadoso com cada uma delas construindo ele mesmo suas próprias colméias com um modelo que a matriarca da família havia trazido do outro lado do oceano, e chegando ao EUA começou com três colméias. George já ouvira falar do CCD - Colony Collapse Disorder mas elas ainda era um caso pouco comentado e não havia chegado á suas abelhas.

Mais do que a temática das abelhas o livro é uma poderosa demonstração de relacionamentos familiares principalmente entre pais e filhos. Como amante da natureza ou não é um livro que precisa ser lido e passado para frente.



"Complexo e extraordinariamente bem escrito. [...] O melhor de tudo é o núcleo filosófico do livro, que defende que o bem-estar dos seres humanos e, talvez, a sobrevivência da nossa espécie, dependa da capacidade de lutar contra a nossa própria natureza." - Svenska Dagbladet  

sábado, 25 de junho de 2016

Frutas do Cerrado


Vocês lembram que há algum tempo o Blog fez um Ecopost sobre os Ypês, árvores tipicas do cerrado? (http://verde-mente.blogspot.com.br/2015/08/ypes-explosao-de-cores-no-cerrado.html) Muito bem, hoje vamos continuar homenageando esse bioma incrível pois vamos falar das frutas típicas de lá. Deliciosos sabores!!
Agora vamos conhecer os sabores típicos do Cerrado?
Faremos uma deliciosa viagem pelas iguarias naturais deste bioma maravilhoso! Algumas das frutas mais exóticas do Brasil se encontram aqui. Alguns de sabor doce, outras com cheiros estranhos, pequenas e grandes.
Baru: o que se aproveita neste fruto e sua castanha, animais como pequenos roedores e gado podem se alimentar da poupa da fruta. O baru é fruto de uma árvore grande e bem copada, que vem sofrendo devido ao desmatamento e corte ilegal para queima e obtenção do carvão vegetal.Sua castanha pode ser torrada para degustação!



Buriti: o fruto do buriti pode ser usado in natura, em forma de doce, licor ou sobremesa. O óleo extraído pode ser usado como um vermífugo natural. A presença da palmeira buriti é um indicador natural de água. Pois fica sempre próximo de alagados, brejos e encosta de rios e córregos.

       Cacho do buritizeiro      


Cagaita: uma frutinha bem pequena de cor amarelada e sabor ácido. Pode ser apreciada como suco, geleia, mas quando consumida in natura deve-se o cuidado de não ingerir grandes quantidades  pois é um poderosíssimo laxante natural.



Guavira: ou gabiroba, uma frutinha bastante pequena e de sabor doce. Dá em arbustos no meio da vegetação típica do cerrado. Consome-se somente a poupa que é bem aquosa descartando a casquinha. Lembra uma minúscula goiabinha.



Jatobá: esta fruta exótica tanto no sabor, quanto sua forma e cheiro. Os nativos do cerrado a conhecem pelo desagradável cheiro de sua polpa, que tem características de fezes humanas. Isto mesmo, esta frutinha típica cheira cocô! Tem uma casca forte, seca coberta por pequenos pêlos, onde para consumir o fruto é preciso quebrar, suas sementes são redondas e envoltas na polpa de cor amarela pálida.



Macaúba: também vem de uma palmeira típica, seus frutos dão em cachos, são bem redondinhos, pode-se consumir desde a polpa amarelinha e doce, a castanha (tendo cuidado com uma surpresinha gosmenta que vive lá dentro) que é bem oleosa e branquinha coberta com uma casquinha fina e crocante. O óleo extraído parece muito com o de oliva, e vem sendo usado nos setores de alimento e farmacêutico. A macaúba é usada na Europa para fabricação de biocombustível.



Mamica-de-Cadela ou Mamacadela: por que o nome? Simples seus frutinhos são leitosos e furadinhos parecendo com “tetas” de uma cadela em fase de lactação. É bastante saborosa, mas muito difícil de ser encontrada por ser um arbusto muito pequeno e dar poucas frutinhas, a mamica de cadela tem sido um poderoso aliado no tratamento do vitiligo, doença dermatológica.



Mangaba: também é uma fruta leitosa, mas muito saborosa de poupa suculenta e macia. Um sabor que vai de ácida e doce.



Pequi: com certeza a fruta mais consumida na região do cerrado. Na época de sua safra os moradores locais saem bem de manhãzinha na busca dos frutos que caem no chão durante a noite. Seu fruto é coberto por uma grossa casca verde, esta deve ser cortada com cuidado para não danificar a poupa que é amarelinha. Muito saboroso o pequi é cozido com arroz, frango ou só. Uma verdadeira iguaria da cozinha do cerrado. A castanha também pode ser consumida depois que a casca que a envolve seca. Esta casca que envolve a castanha é cheia de pequenos espinhos que podem machucar seriamente quem come esta fruta sem tomar os devidos cuidados e precauções.



Detalhe de um pequi aberto com seus perigosos espinhos à mostra!

                                                                                                               
Pitomba: uma fruta pequena e redonda, sua casca deve ser quebrada para se consumir a polpa que é envolta na semente. Sua poupa não é tão suculenta sendo apenas uma camada sedosa e branca. Seu sabor é agridoce.



Marmelo do Cerrado: preta, redonda e brilhante definem essa fruta tipica do cerrado brasileiro. É uma fruta extremamente doce, daquelas que só da comer uma.



O cerrado realmente tem muitas belezas que merecem ser vistas, ouvidas e saboreadas. Grande parte das frutas mencionadas,  já viraram sabores de sorvetes e picolés, que podem ser apreciados não somente na região como em outros lugares do país.
Nosso país é rico em sabores que fazem toda a diferença no mundo. Nosso dever é ajudar na preservação e cuidado do que é nosso.

Deya Dias - Ambietalista
Dourados – MS
25/06/2016






quinta-feira, 26 de maio de 2016

Bromélias - diferentes e encantadoras

     

Diferente das flores digamos “normais”, as bromélias tem suas pétalas mais duras, achatadas, rígidas e largas semelhantes a folhas, flores comuns tem pétalas de aspecto suave, meigo;  e convenhamos que as bromélias está longe de ser aquela florzinha linda que você imaginou dar de presente pra sua mãe ou namorada. Mas apesar de ser um tanto quanto diferente as bromélias tem um encanto único!




Vamos conhecer mais sobre esta planta peculiar? Então um pouquinho de aula de biologia agora:
“A família Bromeliaceae Juss é uma família de monocotiledôneas, que pertence à ordem dos Poales, com plantas terrestres, rupícolas ( organismos que vivem sobre paredes, muros, rochedos ou afloramentos rochosos) ou, principalmente epífitas (plantas sobre plantas, ou seja, plantas que vivem sobre outras plantas), possui 3.172 espécies, distribuídas em 58 gêneros, sendo dividida em três subfamílias: Pitcairnioideae,Tillandsioideae e Bromelioideae, no entanto, estudos recentes baseados em dados moleculares, incluem mais cinco subfamílias. No Brasil, é encontrada em todo o seu território nacional em 44 gêneros e aproximadamente 1.290 espécies, na qual, 1.145 são endêmicas. É uma família que se destaca nos neotrópicos pela enorme diversidade genérica e específica, com exceção de uma única espécie, Pitcairnia feliciana, que ocorre no oeste do continente africano.”
Viram que só no Brasil aproximadamente 1.290 espécies de bromélias? Mais incrível ainda é que 1.145 são endêmicas, ou seja, só existem aqui! Quanta responsabilidade temos em nossas mãos, espécies de bromélias que são exclusivamente nossas, encontradas em vários locais deste nosso imenso Brasil. Mas onde será que estão estas preciosidades?





Distribuídas por todo o nosso Brasil do Sul ao Norte podemos encontrar diferentes tipos de bromélias, sendo que as bromélias amazônicas sofrem de serem extintas, um dos agravantes é o contrabando de espécies, como vimos na semana passada no ecopost sobre biopirataria. Bromélias são muito fáceis de serem cultivadas, pois necessitam de pouca água, podemos encontrar bromélias na caatinga por exemplo. Mas lembrando que diferentes espécies precisam de ambientes diferentes também, nem toda bromélia sobreviveria um longo período sem água, existem bromélias que crescem em lugares úmidos como nascentes, pantanal e mangues. São verdadeiro habitat´s, que podem abrigar desde inúmeros microrganismos até insetos e pequenos invertebrados como sapinhos que gostam de residir em árvores. Importantíssima para qualquer bioma.




Mas e a dengue?
Muitos se preocupam em ter bromélias em casa por medo do Aedes aegypti – Mosquito da Dengue!! Mas vejam só que interessante o que a paisagista e arquiteta Eliane Fortino diz sobre Bromélias x Mosquito da Dengue:
“Há uma diferença entre poça d'água e a água reservada pela bromélia. A água da poça fica parada e rapidamente é colonizada por organismos como as larvas dos mosquitos, entre eles, o Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Já as bromélias que possuem reservatórios começam a guardar água antes de seu primeiro ano de vida. Essa água é protegida pelo ambiente das folhas e se transforma rapidamente em um pequeno e rico ecossistema. A água é continuamente absorvida pela planta, suprindo-a com nutrientes. A pouca evaporação ocorre através da superfície da folha.
"Na água armazenada na roseta das bromélias ocorre uma sucessão intensa de formas de vida. O resultado é uma calda repleta de organismos que competem entre si, numa interdependência ecológica, dificultando a sobrevivência de tais larvas", diz a paisagista”.
E mais:
“Segundo informa a bióloga Nara Vasconcellos, dentro da planta, o mosquito da dengue não tende a se reproduzir. A pesquisadora também não recomenda que borrifos com a solução de água e água sanitária - eficaz no controle da evolução das larvas - sejam feitos sobre a planta. 
De acordo com uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Fiocruz, em 2007 "apenas 0,07% e 0,18% de um total de 2.816 formas imaturas de mosquitos coletadas nas bromélias [do Jardim Botânico do Rio de Janeiro] durante o período de um ano correspondiam aoAedes aegypti e Aedes albopictus, sugerindo que as bromélias não constituem um problema epidemiológico como foco de propagação ou persistência desses vetores". (Ambas as Fontes: http://mulher.uol.com.br - autor: Silvana Rosso).
Viu como você pode ter uma bromélia em casa sem ter nenhuma preocupação!
Muitas espécies diferentes podem ser encontradas em parque e praças, visite e vá conhecer a exuberância da biodiversidade que elas lhe podem oferecer!



                                                                                                                                  
Porque o espanto? Abacaxi é uma bromélia sim! Talvez a mais famosa de todas. Apesar de ser um fruto o abacaxi é da família das bromeliáceas, ou seja uma Bromélia sim senhor!


Deya Dias - Ambientalista
Dourados-MS
26/05/2016




domingo, 22 de maio de 2016

BIOPIRATARIA




Se você se comove com o olhar meigo e triste deste pobre macaquinho acima, que provavelmente foi arrancado de sua mãe que pode até ter sido morta durante a captura do filhote, precisa se mover pra que cenas como essa não se repita!
 Mas como? Essa é a pergunta que muitos devem estar se fazendo agora. Como impedir o tráfico de animais e plantas? O que nossa Legislação tem feito a respeito? E o “produto” do tráfico, o que passa? O que sofre? Sobrevive?
Vamos começar compreendendo o que é Biopirataria: “Biopirataria é a exploração, manipulação, exportação ou comercialização internacional de recursos biológicos. Essa palavra vem do Bio que significa “vida”,e pirataria “comércio ilegal”
Este assunto é muito sério no Brasil, pois a biopirataria é um crime grotesco contra nossa fauna e flora, espécies estão ameaçadas de extinção devido a ganância humana. O Brasil sem dúvida nenhuma é um paraíso de biodiversidade devido a Mata Atlântica, Amazônia e Pantanal.
“Uma investigação do Congresso Nacional estimou que haja de 400 a 450 gangues que operam com tráfico de animais no País. O número de animais retirados de nossas matas, mares e rios para serem vendidos varia. A World Wildlife Fund (WWF) conta 12 milhões de animais traficados por ano, enquanto o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) calcula 38 milhões no mesmo período.”
Mas vamos ao início de tudo isso: como se captura um animal ou planta para contrabando; ainda segundo o site pessoas.hsw.uol.com.br o tráfico começa com pessoas nativas de cada região ( a maioria índios, madeireiros e camponeses) que capturam esses animais e plantas visando lucro, apesar de receberam uma quantia simbólica por cada espécie capturada; passam pelas mãos de intermediários que transportam para feiras livres, onde traficantes compram grandes quantidades de espécies para serem vendidas em outros países onde pessoas ricas pagam milhões para terem um “exemplar exótico” como animal de estimação (meramente para ostentação na verdade).
Os animais passam por terríveis condições até chegar ao seu destino final, quando chegam. Podemos acompanhar nos meios de informação como televisão e internet por exemplo que esses criminosos colocam os pobres animaizinhos já estressados pela captura, na maioria vezes filhotes por serem mais lucrativos e fáceis de domesticar, em pequenas gaiolas ou caixas como se fossem objetos onde se ainda tem espaço vai colocando mais e mais... Muitos morrem ali mesmo na gaiola por asfixia ou estresse. Continuam em gaiolas nas feiras e são apresentados como se apresenta uma peça de roupa. Quando são levados para outros países podem morrer durante o transporte pelo fato que precisam estar escondidos em malas, em meias enroladas pelo corpo do traficante.


Papagaios que não resistiram ao transporte na pequena gaiola


Um crime revoltante pela obsessão humana que não se contenta em observar e admirar na natureza, no habitat natural, porque as pessoas acham que podem ter um pobre papagaio dentro de casa!
Entre as espécies animais mais traficadas estão:
  • Macaco Estrela
  • Macaco Prego
  • Preguiça de Três Dedos
  • Tamanduá Mirim 
  • Jacaré 
  • Iguana 
  • Pássaro Preto
  • Curió
  • Papagaio Verdadeiro
  • Cardeal
  • Cervo
  • Arara Azul

Onde são vendidos?
  • Feiras livres 
  • Depósitos nas residências dos próprios comerciantes
  • Depósitos desvinculados da residência do comerciante (forma usada para se livrar de um possível flagrante)
  • Sacoleiros
  • Aviculturas
  • Pet Shops - que, muitas vezes, servem como fachada
  • Residências particulares não caracterizadas como depósitos
  • Perto de locais frequentados por compradores desse tipos
  • para Restaurantes - para servir de comida
Mas e a nossa Legislação o que tem a dizer sobre isso?
Vamos entender um pouco mais sobre as leis que deveriam garantir a proteção ambiental de nosso país!
”Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998
A Lei 9.605/98 é conhecida como a Lei de Crimes Ambientais. Sua criação objetivava a tipificação das condutas consideradas infratoras realizadas contra o meio ambiente que, antes dessa lei, não havia seu enquadramento no Direito. Buscou-se a formulação e a aplicação de punições penais e administrativas àqueles que violarem a manutenção e conservação do meio ambiente brasileiro.
A Medida Provisória 2.186-16/2001 apresenta como objetivo primordial a defesa, a conservação e a preservação do patrimônio genético brasileiro, voltando-se para a proteção do meio ambiente. Essa medida busca garantir, inclusive, a divisão de lucros obtidos por empresas estrangeiras através da utilização e do manuseio do patrimônio genético provenientes do Brasil.
Vamos juntar os dois: “a Lei de Crimes Ambientais (Lei n° 9.605, de 1998) e o
Decreto no 5.459, de 2005, que regulamenta o artigo 30 da Medida Provisória no 2.186-16, de 2001. Combinadas, tais legislações preveêm sanções meramente administrativas, multa de até R$ 100 mil para pessoa física, R$ 50 milhões para jurídica e prisão de seis a doze meses. São punições brandas diante dos lucros estratosféricos dos infratores, mas, ao menos, preenchem um pouco a ausência de uma legislação penal que iniba fortemente o delito e de uma legislação internacional que respeite a soberania dos países. A Lei Mundial de Patentes, da qual o Brasil é signatário desde 1995, não protege os interesses das nações vítimas de biopirataria. Muito pelo contrário.
0 mais grave é ver que o crime da biopirataria é incentivado pela própria legislação de patentes e pelo fato de países desenvolvidos desrespeitarem leis que asseguram propriedade sobre o material genético às nações que o têm nativo em seu território, como a Convenção da Diversidade Biológica.
Definida nos marcos da OMC(
Organização Mundial do Comércio), a legislação de propriedade intelectual desobriga no registro a comprovação da origem do material genético. Pegando o Brasil, significa que somos obrigados a acatar o registro no exterior de DNA roubado do país, sem direito a um centavo dos lucros vindouros no mercado mundial. Essa legislação assanhou mercenários. Por sua causa, por mais rigorosa que seja a fiscalização, a perda de divisas é hoje uma realidade. Foi assim com a planta pau-pereira. Trivial na Amazônia, ela retarda o câncer. Sua tonelada sai por R$ 7 no Brasil. Patenteada e industrializada no exterior, hoje ela volta ao país em forma de tubo. Cada um, contendo 120 gramas do princípio ativo da planta, é vendido a US$ 85. Há muitos outros casos, como o da semente da árvore do cupuaçu, cujo óleo foi patenteado por suposto inventor japonês, diretor da empresa americana Cupuaçu Internacional. Não podemos sequer comercializar o princípio ativo do cupuaçu sem pagar royalties ao japonês e ao país onde a registrou.”
(fonte: pib.socioambiental.org  - 29/10/2005 Autor: MONTIEL, Flávio)

Há ainda entre as espécies vegetais:
  • Açaí
  • Andiroba
  • Copaíba
  • Espinheira Santa
  • Jaborandi

Todas estas citadas acima foram patenteada por empresas estrangeiras.
Ficou envergonhado? Chocado? E revoltado? Eu ao ler isto também! O Brasil é um país cm uma das maiores biodiversidades do mundo e mesmo assim se encontra atrasado em relação a proteção a fauna e flora, com leis brandas e pouco eficientes. A nós pessoas de bem que são contra este crime brutal contra nossa biodiversidade cabe não incentivar o comércio (comprar ou vender), denunciar é o mínimo que podemos fazer, e deixar que a legislação faça ou não algo a respeito.

Propaganda do Ministério do Meio Ambiente contra a Biopirataria

Deya Dias - Ambientalista
Dourados - MS
 22/05/2016





domingo, 10 de abril de 2016

Espécies Invasoras: Um Risco a Biodiversidade


Em meados dos anos 60 perto da Noruega, mais precisamente no mar de Barents, foi introduzida uma espécie de caranguejo conhecidos como Caranguejo Rei por cientistas soviéticos. A intenção era para que a espécie nova servisse de alimento e fonte de renda aos moradores locais. A tentativa foi muito bem sucedida. O problema veio logo que os caranguejos chegaram a fase adulta, não havia predadores naturais para eles, se multiplicaram sem controle e nos anos 70 já haviam tomado parte da Dinamarca e Alemanha. São espécies altamente vorazes, eles dizimam as ovas dos peixes (principalmente de bacalhau), comem as algas que servem de alimento as outras espécies e destroem populações inteiras de moluscos, estrelas-do-mar e ouriços. Se não bastasse também destroem cascos de barcos de pescadores da região. 
Este caso sucedido na Europa serve apenas de exemplo de como age uma espécie invasora quando introduzida de forma inadequada em uma região onde ela não existe.
Mas como estas espécies chegam á um determinado lugar? Como controlar? E quais são os danos causados por elas? Estas são algumas perguntas que mais vem preocupando ambientalistas de diversas partes do mundo inclusive no Brasil!
Primeiramente vamos definir “Espécies Invasoras”:
Todo animal ou vegetal introduzido de forma natural ou antrópica (pela ação do homem, como foi o caso dos caranguejos acima), agredindo, danificando e desequilibrando o ecossistema quem que foi introduzido, dizimando espécies nativas, bem como se proliferando sem controle, qual não existia antes naquele local e que passa a existir são chamadas de espécies invasoras. Existe diversos fatores que levam novas espécies serem introduzidas em um local, alimento, economia e até mesmo como meio de tentar controlar “pragas” já existentes. O problema são os conflitos socioambientais gerados pela introdução. É considerada a segunda maior causa da perda da biodiversidade no planeta.
Tão grande é este problema que foi tema de discussão na Eco-92 no Rio de Janeiro –  Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), firmada por 175 países. Chegou-se a conclusão que espécies invasoras contribuíram para a extinção de 39% dos animais que desapareceram por causas conhecidas desde o século 17. No Brasil há por volta de pouco mais de 350 espécies invasoras espalhadas.
Principais espécies invasoras no Brasil:
CARAMUJO AFRICANO: esta espécie foi introduzida no país nos anos 80 para servir de alimento sofisticado: escargot! Como a criação não deu o retorno inesperado os criadores libertaram os caramujos sem fazer nenhuma espécie de controle. Resultado? Procriaram rapidamente se espalhando, destruindo pequenas plantações familiares e destruindo alimento de espécies nativas. Ainda uma das maiores preocupações resultantes da proliferação do caramujo africano; ele é vetor da meningite. 

                                                                   Caramujo africano

TOJO: espécie de arbusto de flores amarelas e coberto de espinhos. Foi trazido da Europa para ser usado como cerca viva. Seu cultivo acabou ficando sem controle. O tojo deixa o solo ácido e dificulta o crescimento de espécies nativas. Por ser denso e seco favorece o risco de incêndios, o fogo por sua vez ajuda na germinação da semente.


                                                                                               Tojo florido


LÍRIO DO BREJO: nativo da Ásia foi introduzido no Brasil como planta ornamental, foi rapidamente difundido no Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. O grande problema desta espécie de planta é que elas entopem canais e vias de escorrimento de água, tubulações hidráulicas. Tem poder de adaptação muito grande, podendo tomar conta facilmente de riachos, canais, lagos e espelhos d’água.


                                                                                          Lírio do brejo


DINOFLAGELADO: espécie de algas que são transportadas de forma imperceptível em navios, na água do lastro (água que fica dentro dos navios para se manter a estabilidade do mesmo). Por serem microscópicas dificilmente são notadas, exceto no período da floração quando surgem as chamadas marés vermelhas. São consumidas por ostras que se contaminam com sua toxina, há períodos em que o consumo de ostras é proibido.


                        Essa foto mostra o efeito dos dinoflagelados em uma praia de Fortaleza em 2013


ABELHAS AFRICANIZADAS: aqui entramos em uma questão muito delicada. Abelhas africanas é sim um tipo de espécie invasora, causam sérios problemas a fauna local por expulsarem aves como tucanos e araras de seus ninhos, predominam por serem agressivas e muito perigosas... Mas, como já observamos em uma matéria aqui mesmo no Portal Eu Gestor, as abelhas tem sido motivo de preocupação no mundo todo devido ao seu desaparecimento dos habitats. Abelhas africanizadas são altamente adaptáveis a todo tipo de ambiente, e mesmo sendo perigosas e agressivas elas mantêm aqui no Brasil o equilíbrio importantíssimo da polinização! Lembrando mais uma vez que em todo o mundo há uma crescente perca de espécies de abelhas sem nenhuma explicação.



BRAQUIARIA: um dos maiores problemas relacionados a este tema no cerrado, pois boa parte da pastagem original foi perdeu espaço para a braquiária. Ela chegou ao Brasil no século XX e foi espalhada por todo o território nacional em pouquíssimo tempo. Trata-se de uma espécie de capim para pastagens trazida da África que cresce rapidamente após a eliminação.



AEDES AEGYPTI: mais conhecido como o mosquito transmissor a dengue o aedes aegypti é originário do Egito e Etiópia e deve ter chegado ao Brasil na época da escravidão junto dos navios negreiros. Apesar de ser o vetor da dengue nem todos os mosquitos transmitem a doença, pois nem todos estão contaminados com o vírus. Junto a este problema da dengue entramos em outra questão ambiental importantíssima: o descarte inapropriado de lixo. Estamos todos conscientes de que o mosquito da dengue se reproduz em água parada, estas encontradas em diversos recipientes descartados de forma inadequada no meio ambiente, tais como: garrafas, latas, embalagens descartáveis, copos e etc. Denegrimos o meio ambiente em que vivemos e ao mesmo tempo trazemos doenças que podem até mesmo nos matar. Seja consciente!



Mas nem tudo é ruim, conheça a Orelhinha de Onça:


                                                                                             
Orelhinha de onça é uma samambaia aquática predominante no estado de Minas Gerais que apesar de ser uma espécie invasora pode na verdade ser útil como bioindicadora e fitorremediadora (filtradora) de águas contaminadas por metais pesados como o cádmio e chumbo.
Assim como a Orelhinha de Onça existem outras espécies não nativas de nosso país que podem ajudar de certa forma com suas características próprias. Quando controladas espécies invasoras podem de alguma forma beneficial a comunidade na qual foram postas, principalmente quando servem de alimento ou fonte de renda para uma comunidade. E se ela está em nosso território também é de responsabilidade nossa gerir assim como gerimos a nossa biodiversidade.
Deya Dias - Ambientalista
Dourados - MS
10/04/2016